São Francisco, nosso abrigo

Nessa semana de festejos ao protetor dos animais, São Francisco, nosso destino foi conhecer o abrigo de animais que recebe também o seu nome e está localizado no centro de nossa cidade.

Fomos recebidos carinhosamente pelas cuidadoras do abrigo e por Brisa, uma cadela de cor amarela que vivia abandonada pelas ruas de Itaparica, e hoje no lar desfila saudável e feliz.

Os adolescentes que acompanharam a visita foram surpreendidos pela vontade de brincar dos filhotes que corriam, brigavam, jogavam-se na terra, enquanto isso íamos conversando com a fundadora da ONG, Simone Souza, buscando informações sobre aquele espaço tão importante.

A Associação de Animais São Francisco de Assis (ABRASFA) foi aberta em maio de 2021, tem sede alugada e sobrevive de doações e voluntariado. Atualmente é o lar de 30 cães, destes apenas um é macho, de nome Teodoro e tem aproximadamente nove anos. É um cão grande, bonito, mas como todos os demais tem um passado marcado pela tristeza e dor. Foi encontrado após atropelamento na ponte do Mari, que fica próxima ao povoado de mesmo nome, acredita-se que foi jogado por lá já que ninguém nunca o tinha visto pelas redondezas. Para surpresa e alegria de todos do abrigo, recuperou-se, é dócil e amável, mas tem olhos tristes, talvez seja saudade de seus pais humanos.

Teresa pariu só, assim como Susy, ambas atiradas ao abandono e depois resgatadas por mãos amorosas que as trouxeram para o abrigo, ganharam padrinhos, madrinhas.

Ficamos também sabendo que dos últimos dezessete filhotes, todos os machos já foram adotados. As fêmeas sobem em cima da mãe, mordem-lhe a orelha, brincam, enquanto aguardam castração e algum humano que queira fêmea em sua casa.

Meg e Caramelo são espevitadas, brincalhonas, torcemos para que tenha esquecido dos maus-tratos sofridos por famílias que as mantinham presas por dias sem comida e água. Foram resgatadas após denúncia.

No histórico vimos que algumas delas já nasceram no abandono das ruas, perambularam com as suas mães, mas muitos outros tiveram famílias, a exemplo de Floquinha, uma linda e fofa poodle, que na primeira sarna foi deixada sozinha na Praça Eduardo Campos. Ou Veinho, um vira-lata que ajudou por toda uma vida a sua família e ao envelhecer foi mandado embora (acolhido e amado pelo abrigo partiu para o mundo dos cães há poucos dias). Ou Pretinha que ao ser atropelada e fraturado as patinhas só daria despesa e trabalho (até hoje a dona nem sequer veio fazer uma visita).

E nessa escuta das histórias de cada um deles e delas é muito difícil conter o choro. Ao tempo, é admirável ver a doação franciscana ali materializada em cada canto, em cada cuidado, em cada remédio, em cada pacote de ração, em cada veterinário, em cada voluntário, em cada padrinho, em cada cheiro, em cada abraço.

E assim nos despedimos felizes por sentir São Francisco tão presente nesse amor, nesse abrigo.

Regina Borges

06/10/2021